Como já falámos previamente, os anos 70 e 80 foram a “golden age” dos motores turboalimentados e a época onde letras grandes a dizer “TURBO” na lateral do carro tinham um impacto emocional. Se os carros turbo eram mais potentes, mais rápidos e mais “cool”, adicionar um turbo a uma mota era um ideia certeira, certo? Errado.
Inicialmente devemos falar da história dos turbos nas motas.
A primeira mota Turbo, foi a Honda CX 500 Turbo de 1982. O fundador da Honda, Soichiro Honda era bastante vocal no seu ódio a motores a dois tempos e motores turboalimentados então a Honda decidiu fazer a CX500 com os dois! Por si só já conseguimos ver aqui um erro.
Mas mostrando a sua proficiência, os engenheiros da Honda criaram esta nova plataforma com toda a fiabilidade pela qual são conhecidos até aos dias de hoje.
Com 500cc e 82cv, a Honda CX500 Turbo era rápida mas não assim muito… Mais acerca disso mais à frente.
A CX500 sendo rápida ou não, como é típico da indústria de duas rodas, se a Honda cria algo, todas as outras marcas devem seguir o exemplo se não querem cair no esquecimento. Assim surgiu a Yamaha XJ650 Turbo, a Suzuki XN85 e a Kawasaki GPZ750 Turbo. Mas maior parte destes modelos (CX500 incluída) foram um autêntico fiasco de vendas.
Porquê?
Primeiramente porque as marcas investiram em motores mais pequenos para alimentar com um turbo.
Mesmo tento o turbo, a sua performance ficava longe das motas de maior cilindrada, recebendo uma conotação de “mota de brincar” ou que não eram motas “a sério” por parte dos motards dos anos 80.
Seguinte, as motas de motor mais pequeno mas com turbo acabavam por ser ainda mais pesadas que as motas de maior cilindrada e isso significa mais difícil de conduzir. Para não falar que uma praga dos turbos da década de 80 era o tão infame “turbo-lag”. Qual é a graça de rodar o punho e a mota só reagir alguns segundos depois, tempo suficiente para os nossos amigos nas suas motas mais leves, de maior cilindrada conseguirem deixar-nos para trás? Nenhuma.
Outro ponto contra é a falta de investimento das marcas nos desportos motorizados. Nos anos 80, grandes avanços tecnológicos no mundo automóvel surgiram da necessidade das marcas ganharem vantagem sobre os rivais no rally, F1, entre outros. E o sucesso das marcas nesses desportos levava os clientes a apostarem nessas mesmas tecnologias nos seus próprios carros. Não tendo motas turbo a correr em pista, as marcas mostram desconfiança nos seus próprios produtos. Sem glória na pista não há clientes no stand. Uma lei poética dos anos 80.
Qual o resultado de todos estes pontos?
Motas com turbo são só uma “gimmick” das marcas para seguir a tendência dos automóveis e conseguir vender mais motas que na realidade são mais caras, mais pesadas e mais lentas… Um verdadeiro mau investimento tanto para o cliente como para os fabricantes.
Isso não quero dizer que ao longo dos anos, graças a vários avanços tecnológicos não houvesse tentativas de voltar a tornar os motores turbo um standard da industria mas nunca ganhou muita força, levando o nome “turbo” a não ter o mesmo factor “cool” que teve na industria automóvel.