Aos olhos de muitos de nós, portugueses, a nossa industria automóvel é resumida a uma, talvez duas marcas de pequeno ou médio sucesso. A realidade é que a nossa industria é quase tão antiga quanto o automóvel em si. Hoje, um conhecido por muitos de nós, o Sado!
Durante este período pós-25 de Abril, o automóvel voltou a ser um tópico no desenvolvimento industrial nacional. Sem as imposições que terminaram a história do AGB e do IPA, a ideia de construir um micro-carro para o povo ressurgiu. Em 1975, através do Grupo Entreposto, é lanado o Projecto Ximba, projecto que durou 3 anos e tinha como objectivo construir um veículo “económico, utilizando material nacional e que pudesse interessar àqueles que faziam pequenas deslocações em zona urbanas e suburbanas”.
A comparação entre o Sado 550 e um Mini Cooper.
Durante esses 3 anos, diversos motores de motociclos foram testados mas a conclusão é que o motor necessitaria de ser maior e mais potente, no fim sendo escolhido o motor 547 da Daihatsu. Mas durante esses 3 anos, não foram só para testar motores, durante esse tempo a equipa concluiu que o melhor chassis seria tubular em aço e que a carroçaria seria em poliéster, reforçada a fibra de vidro, o que garantia rigidez, residência à corrosão e economicamente fiável em termos de produção.
O projecto e fabricação do Sado 550.
É com a ajuda de Carlos Galamba, que surgiria um micro-carro de linhas retas, dois lugares e 4 rodas, o Sado 550, o derradeiro carro português. O carro foi desenvolvido para o mercado português dos anos 80 e 70% da produção era nacional, incluido a mão-de-obra.
Este veículo é, na realidade, um automóvel que antecipa em muito, o Smart da Mercedes-Benz. O seu motor “elástico” e o seu baixo peso permitiam o Sado andar sem esforço nas zonas mais íngremes do nosso país. O seu pequeno tamanho permitia que fosse estacionado em praticamente qualquer lugar e a sua bagageira apesar de ser pequena longitudinalmente, era de grande arrumação vertical. No interior, apesar de pequeno. era bastante espaçoso em comparação com muitos outros veículos no mercado. O Sado era conhecido pela sua excelente visibilidade devido à sua extensão vertical que ajudava ao estacionamento.
O interior do Sado.
O Sado viria a ser lançado em 1982, e rapidamente o seu primeiro stock se esgotou. 50 viaturas. Mas rapidamente após vários testes de homologação, já feitos depois da venda das primeiras unidades, o Sado 550 começou a deparar-se com os primeiros problemas. Apesar do baixo custo e relativa facilidade em produzir, a falta de planeamento por parte da Entreposto, assim como a ainda-maior facilidade em simplesmente montar automóveis no nosso país, levaram o Sado a falhar como muitos outros projectos anteriores. Ainda houve uma tentativa de desenvolver uma variante do Sado em comercial de cargas, o Datsun Sado mas este projecto acabaria por cair com o Sado 550.