Vamos começar pelo princípio. A história deste concept o Ford GT90 começou muito antes de ele ter sido sequer pensado – e provavelmente conhece esta história de cor e salteado.
Na década de 60, Henry Ford II, neto do fundador da Ford, tentou adquirir a Ferrari, uma proposta que foi prontamente recusada por Enzo Ferrari. Reza a história que o americano não ficou contente com a «nega» monumental do italiano. A resposta não se fez esperar.
De volta aos EUA e ainda com este dissabor entalado na garganta, Henry Ford II viu nas míticas 24 Horas de Le Mans a oportunidade ideal para se vingar. Por isso, pôs mãos à obra e desenvolveu o Ford GT40, um modelo com um único propósito: bater os desportivos de Maranello. O resultado? Foi chegar, ver e vencer… por quatro vezes consecutivas, entre 1966 e 1969.
Quase três décadas volvidas, a Ford quis recordar os sucessos em Le Mans e assim nasceu o Ford GT90. Apresentado no Salão de Detroit de 1995, este é para muitos um dos melhores protótipo de todos os tempos. Porquê? Não faltam motivos.
Um dos detalhes que desperta mais a atenção era sem dúvida o desenho triangular das quatro saídas de escape (em cima). De acordo com a marca, as temperaturas à saída do escape eram de tal forma elevadas que o calor que saía do escape era suficiente para deformar os painéis da carroçaria. A solução para este problema foi colocar placas de cerâmica semelhantes às dos foguetões da NASA.
Tal como no exterior, as formas geométricas estendiam-se também ao habitáculo, dominado pelo tons de azul. Quem entrou no Ford GT90 garante que era mais cómodo do que parecia, e ao contrário de outros super-desportivos, a entrada e saída do veículo era bastante fácil. Queremos acreditar…
Por baixo de toda esta ousadia, encontrávamos nada mais nada menos do que um motor V12 6.0 litros em posição central, equipado com quatro turbos Garrett e acoplado a uma caixa manual de cinco velocidades.
Este bloco era capaz de gerar 730 cv de potência máxima às 6600 rpm e 895 Nm de binário às 4750 rpm. À parte do motor, o Ford GT90 partilhou componentes com uma outra máquina de sonho dos anos 90, o Jaguar XJ220 (em 1995 a marca britânica era gerida pela Ford).
Uma vez na estrada – ou melhor, em pista – o Ford GT90 demorava uns escassos 3.1 segundos dos 0-100 km/h. Ainda que a Ford tenha anunciado uma velocidade máxima oficial de 379 km/h, há quem diga que o desportivo americano era capaz de alcançar os 400 km/h.
Durante a apresentação do GT90 em Detroit, a Ford mostrou intenção de lançar uma série limitada a 100 unidades do desportivo, mas mais tarde assumiu que esse nunca foi o principal objetivo, isto apesar de grande parte da imprensa ter ficado impressionada com o seu comportamento em estrada.
O próprio Jeremy Clarkson teve oportunidade de testar o Ford GT90 no Top Gear em 1995 (no vídeo em baixo), e na altura descreveu a sensação como “o céu é realmente um lugar na terra”. Está tudo dito não está?
A linguagem de “New Edge Design” estreada pelo Ford GT90 acabou por ser o pontapé de partida para outros modelos da marca nos anos 90 e 2000, como o Ka, Cougar, Focus ou Puma.
Fonte: RazãoAutomóvel